quarta-feira, 13 de julho de 2011

Sobre o início de tudo

-- O que vamos fazer sobre esse novo lugar? – uma voz obscura e medonha se faz ouvir entre os deuses, que reunidos decidem o destino de uma grande descoberta.

Estranho para eles tal tipo de reunião, nunca houvera tal organização, mas os tempos mudam.

-- Eu acho que deve ser uma nova oportunidade, para provar quem será o mais forte. – O deus de aparência forte se coloca a frente dos que estavam ao seu lado, no estranho plano forjado as pressas só para a ocasião.

-- Há de haver um sol nesse lugar! E homens que adoram o sol também! – Pelor fala sobre a sua soberania a tanto perdida entre humanos, eles passavam cada vez mais a adorar outros deuses, e ele estava cansado de ser ignorado em grandes assuntos.

-- Se haverá luz deve haver sombras – a voz obscura volta a se pronunciar, Nerull não deixaria seu maior rival ter um novo playground só para ele.

Um grande rebuliço começa no salão, os cinqüenta e tantos deuses reunidos brigam entre si sobre quem deveria comandar a nova criação, mas não chegam a um consenso e entram em sérios atritos. Um deus acaba por falar muito alto.

-- Não sejam tolos! Ainda temos muitos planos para cuidar! Não precisamos de mais idiotas para serem guiados por vocês, tolos! – A voz draconica enche o ouvidos de todos, e um silêncio domina o ambiente. Quebrado somente por Pelor.

-- Creio que os não interessados podem se retirar, afinal todos foram CONVIDADOS – a ênfase faz com que muitos deuses se ofendam, e rapidamente se retirem do plano, que se fragiliza e treme ante a grande fuga de seres tão poderosos.

Sobraram poucos na sala que agora era menor e mais aconchegante. Uma grande lareira surgira em um dos cantos, em outro uma bela floresta e, oposta a lareira, surgiu uma grande escuridão que exalava cheiro de morte.

-- Agora temos somente três interessados —Nerul volta a sorrir seu sorriso maléfico—assim as coisas ficam mais interessantes.

Ele ignorara todos os deuses menores presentes, que viam uma nova criação como uma boa forma de ascender, e se concentrara nas grandes figuras presentes. Ele próprio, Pelor e Ehlonna.

-- Claro, precisaremos de mais deuses para fazer tamanha tarefa. Creio que a natureza realmente é de extrema importância no assunto. – Pelor se inclina levemente para a deusa que ele acreditava ser uma forte aliada contra o seu adversário.

-- Me deixem fora de suas intrigas. Só estou participando disso pelos meus filhos que perderam seu espaço nesse mundo corrompido. – A bela deusa se mostrava como uma elfa de alta estirpe, envolta por galhos e trepadeiras em vez de roupas.

-- Hihihi... já levou o fora... Creio que a mãe da vida natural não goste do pretenso pai dos humanos, que irão destruir suas belas árvores para construir casas e cidades.

Uma nova força surgiu no lugar, e um novo canto foi acrescido na sala. O tempo pareceu ser alterado, e tudo ficou mais lento.

-- P a re c o m s u a s b r i n c a d e i r a s. – Pelor reclama para o recém chegado.

-- Mas por que? É muito divertido ver grandes deuses falando de forma tão hilariante, sem poder controlar direito as coisas. – O deus que chegara era visto por muitos como infantil e abestado. Não seria de grande ajuda, pensavam, só mais alguém para importuná-los.—Não fiquem bravos, pronto, viu, tudo ao “normal”. Se é que existe algo como normal em questão de tempo. – Um sorriso maroto surge em seus lábios.

-- O que um deus como você quer? – Nerull se irritava com o bom humor do deus que acabara de ascender. – Um doce?—uma leve pausa-- Não tenho doces para crianças. Suma.

-- Que mau humor senhor dos mortos que andam. Ou deveria chamá-lo apenas de senhor dos mortos? – o sorriso não fora diminuído pela mal criação do deus Maior. – Não sejam tão precipitados, eu posso ajudá-los. Pra que esperar bilhões de anos para algo acontecer? Eu posso resolver os problemas de tempo para vocês, deixando o jogo mais interessante ainda.

Os deuses na sala se interessaram pela proposta, ia ser demasiadamente entediante esperar que todas as galáxias se formassem, demoraria bilhões de anos, e nenhum deles queria esperar tanto tempo para começar o trabalho serio.

-- Vejo o que fala, jovem. Mas tem certeza que pode manipular o tempo de uma criação inteira?—Pelor gostava do “garoto” mas tinha receio de sua falta de compromisso.

-- AH! A duvida! A incerteza! A indecisão!— o deus do tempo faz um pequeno teatro imitando um certo poeta de tempos imemoriáveis e esquecido por muitos. – Ser ou não ser, eis o Tempo.... – um grande sorriso brota em seus lábios — ou será que era outra coisa?

Os três deuses maiores quase pulam sobre o jovem deus, que se mostrava impertinente diante os seus superiores.

-- Calma, meus amigos! Não gostam de piadas, creio. – O sorriso não mudava enquanto o tempo passava. – Eu tenho uma teoria sobre essa nova criação. –ele faz uma pausa dramática, onde tenta extrair a pergunta dos outros, que não cedem. Com desgosto começa a se explicar -- Já que seremos poucos deuses, e não terão adoradores, pelo menos por enquanto, creio que a força da criação permeará todos nós e seremos tomados de poderes que antes nunca imaginaríamos!

Parecia uma piada, mas todos os presentes queriam aceitar a idéia, poderes inimagináveis, todos sempre o quiseram, por isso se tornaram deuses. E como uma criação vazia realmente era uma tela em branco, quem saiba eles não poderiam ser tão poderosos quanto queriam. A sugestão fica no ar enquanto todos se entreolham.

-- Claro que só podemos levar as pessoas para o trabalho, ou melhor, os deuses. – Passado o desgosto, ele volta a sorrir como se a braveza tivesse sido a milhões de anos. – Creio que a mãe da natureza, o deus da morte, o deus do Sol sejam indispensáveis... – Se virando para os Deuses menores solta um grande sorriso.—Quem mais que irá?

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