-- O dia está lindo, não acha? – um sorriso maroto brotou nos lábios do Deus do Tempo.—Só o sol que está meio forte, parece irritado! – olhou para Pelor com um sorriso ainda mais provocativo.—Vejo que todos compartilham esse seu temor, minha cara.—a Deusa continuo a ignorar o Deus do Tempo que se usava dela para incomodar os outros. Desistindo de importunar a deusa, olha em outra direção.– E você meu caro? O que lhe trouxe a nossa peculiar comitiva? – um Deus que se vestia de azul rapidamente se virou para o interlocutor.
-- Um universo sem água está morto. – o olhar sério dos olhos azuis chega a dar calafrios pra quem não esta acostumado.
-- Claro! Todos os que vieram vão ter uma grande obra a frente!
O grupo de deuses não se sentia a vontade do lado do Deus do Tempo, estavam prestes a entrar em uma nova criação e o deus só sabia fazer piadas e comentários bobos, o grupo se ressentia de não conseguir fazê-lo calar a boca.
-- Como estava dizendo a pouco tempo (ou seria muito ?), creio que devemos começar criando um mundo, o resto da Criação pode esperar. – o sorriso era radiante, comparável ao deus Sol – Vamos senhores! É logo ali a entrada do nosso novo reino!
Até o momento todos “andavam” por um espaço que poderia ser considerado vazio, pois não existia nada que lhes dessem noções de profundidade, distância ou tempo. Mas o breu infinito que incomodava os deuses menores, não acostumados com tais lugares, acabou, e uma forte luz multicolorida surgiu nos olhos de todos.
Após meros milésimos de segundos todos perceberam que a luz não era de tom ou forma fixa, e alterava-se milhões de vezes em poucos instantes. Todas as misturas imagináveis de cores e tons estavam naquele estranho círculo disforme que flutuava no meio do nada, e alguns deuses perceberam que se recuassem a cabeça apenas alguns milímetros não mais a veriam.
--Maravilhoso! – O deus do tempo se divertia ao observar a coisa mutante e intermitente. – Agora por favor se dirijam a ela.
Sem maiores explicações o deus estica o braço na direção de onde vinha a luz e desapareceu, após parecer ter dobrado e espiralado. Alguns dos outros recuaram o suficiente para perder de vista a peculiar luminescência que ficara após a passagem de Omnitheron, tentando se acalmar. Estranhamente se ouvia o batimento cardíaco de muitos dos deuses, uma reminiscência de sua vida mortal.
--Pffff... pobre crianças. – Nerull esticou seu braço e desaparecou do mesmo jeito que Omnitheron. O deus vestido de azul, conhecido por Quen’are, é o próximo a fazer a viagem para a nova criação, ele não espiralou como os dois últimos, mas fluiu como líquido para dentro do círculo de luz.
-- Espero vocês do outro lado. – A voz grossa do deus que saltava por sobre a luz ecoou pelo breu.
Um a um, os deuses menores criam coragem para passar pela luz que os guiaria para um lugar que nunca haviam visto antes.
Seria quase impossível explicar a complexidade dos sentimentos que todos os deuses tiveram ao mudar para a nova Criação, mas tudo pode ser resumido em uma imagem que surgiu em suas mentes, uma enorme, infinita, sala branca, sem sombras, cantos, luzes. Os deuses despreparados quase enlouqueceram no silêncio absoluto, a falta de ar e de qualquer tipo de informação, alem do branco que dominava as suas mentes. Mas ao mesmo tempo, o poder fluía por seus corpos e se sentiram capazes de fazer qualquer coisa.
A imensidão branca era convidativa, acolhedora, ao mesmo tempo que os tornava insanos. O primeiro deus a tomar alguma atitude foi o deus do tempo, estabelecendo a entidade que lhe faz juz ao nome, e os deuses se sentiram mais confortáveis, Pelor não quis perder e rapidamente criou dezenas de milhares de estrelas que permearam todo o espaço branco, uma tarefa que nenhum deus deveria ser capaz de realizar. Segundo depois a escuridão surgiu, todos os deuses se entreolharam, ninguém havia se movido, só o próprio Pelor foi rápido o suficiente para entender que, não teria como existir um conceito como a Luz se não houvesse a Sombra e a Escuridão para contrapô-la.
-- Creio que todos sabem o que está nos faltando. – a voz marota ecoou pelo ambiente, a primeira voz a ser pronunciada, a voz do próprio Tempo, todos os deuses sentiram o poder dele os envolver. – Agora meus amigos, vamos fazer um Mundo, um lugar para todos nós brincarmos e reinarmos.
Não se sabe ao certo quanto tempo se passou, mas os deuses juntos criaram todos os elementos que seriam usados para produzir toda e qualquer coisa na Criação, usaram como base o elemento que Pelor criara para produzir luz, assim aquele passou a ser o mais básico daquele lugar.
Podemos ver essa Criação como uma grande nebulosa de elementos. Dela os deuses moldaram planetas, constelações e o universo, melhorando a obra de Pelor e transformando o céu em um mar de estrelas. Conforme tudo isso era criado, um lugar em específico nesse universo gigantesco chamou a atenção de todos. Dois sóis brigavam por um planeta.
O arranjo único, não proposital e extremamente lindo chamou a atenção dos deuses. Um grande sol, amarelo, e um outro relativamente menor, verde, brigavam pela posse de um planeta diminuto, que durante um tempo girava em torno de um e depois em torno do outro. Além disso, junto ao pequenino, estavam três satélites, dois sóis menores que ele, um que emanava tons de azul petróleo e vinho respectivamente,e uma esfera que refletia a cor das duas esferas irmãs, como dos dois externos.
Uma estranha energia emanava do sistema solar.
-- Ummmm – o deus do tempo havia rapidamente feito o tempo correr “normalmente” – Creio que temos algo interessante aqui.
-- Realmente uma linda constelação! Quatro Sóis! Ninguém irá conseguir ignorar o Deus Sol! – Pelor olhava com admiração os estranhos sóis de cores diversas.
-- Meu caro, por mais lindos que eles sejam, veja como ambos disputam o controle do planeta. – quinhentos anos se passaram em um piscar de olhos, e o planeta deixou a órbita do sol verde e passou para a do sol vermelho, após dois mil anos voltou para a outra orbita. -- Uma linda dicotomia!
-- Pare de falar besteiras. Só existe um deus sol.
Os outros deuses presentes, assim como Omnitheron, prestavam atenção a estranha energia que surgira e não era de nenhum deles. Mas algo os atraia para o planeta, e ao mesmo tempo todos tomaram a mesma decisão.
-- Aqui vai ser a casa dos Humanos!
-- Aqui vai ser a casa dos Elfos!
-- Aqui vai ser a casa dos Anões!
-- Aqui vai ser a morada da Natureza!
Estranhamente nenhum outro deus se opôs, ninguém questionou, e o trabalho árduo começou. O tempo começou a correr de uma forma compassada, ora rápido ora devagar, deixando os deuses trabalharem de forma agradável.
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