Uma grande confusão havia tomado o palácio do imperador, todos corriam. Servos carregavam itens de valor, samurais e ninjas se preparavam para sair, o próprio imperador estava vestido para batalha.
-- Minha imperatriz. – O homem de armadura, segurando algo que poderia ser analisado como uma pilastra, estava na saída dos pátios internos da casa do imperador. O gigante se curvou quase ficando nos dois joelhos e logo depois se voltou para o jovem que estava ao seu lado. –Bom te ver Saban! Vejo que realmente voltou a ser uma criança!
-- Sim Eijiro. – o samurai faz uma breve mesura. – É verdade o que me contaram?
-- Você diz sobre os zumbis? – o grande homem franziu o cenho. – Infelizmente sim. Eles tomaram toda a região dos portos. – A expressão ficou ainda mais séria. – Perdi muitos homens. Bons homens.
-- Temos outro problema, senhor! – Kô surgiu do meio do bambuzal que margeava os portões. Aparentava estar extremante assustado. – Acabamos de receber uma andorinha da fronteira. Um exército gigantesco avançou sobre eles durante a noite. Perdemos todos os postos avançados. Poucos sobreviveram.
-- Droga, não voltei a tempo. – Saban não perdera a calma ainda, não podia se dar o luxo. – Convoque os outros Protetores, estamos encrencados. – Kô rapidamente voltou para o meio do bambuzal. – Minha senhora, acho que deve se preparar.
-- Me preparar para o que? – a imperatriz fez uma cara de criança birrenta, obviamente queria ir para a batalha. – Brincar de bonecas? Enquanto meu povo morre?
-- Não é hora para isso. – Um olhar característico de Saban demonstrou que nesse instante eles eram mestre e discípula. – Preciso que você guie as pessoas que estão fugindo do porto e me ajude na retaguarda.
--Mas.... – um olhar perfurante calou Mizuki.
-- Ótimo. Eijiro, organize seus homens, vamos prendê-los em uma parte da cidade. Mas primeiro vamos reagrupar todos.
-- Onde, ...? – um “senhor” ficara preso na garganta do grande homem. Saban não era o líder do exercito, só estava a mais tempo nele do que a maioria poderia se lembrar, muitos aprenderam por sobre sua espada e sob seu olhar cuidadoso. O protetor do norte franziu o cenho, coçando os olhos pensou e respondeu.
-- Vai ser difícil, mas devemos segurar os zumbis nas saídas da área portuária. – Pensou mais um pouco, e se virou para a sua esquerda. Deu um alto assovio. – Kossuegawa!
Rapidamente o outro ninja apareceu.
--Senhor.
-- Precisamos de um mapa da área portuária. – uma pausa denunciou a hesitação. – Talvez possamos contê-los. -- O ninja sumiu da vista de todos. – Eijiro, vamos definir um lugar como base de operações. Vai ser impossível vencer se não nos organizamos.
-- Eu sei o lugar perfeito! – A imperatriz interrompeu, com um sorriso maroto nos lábios. – Sensei, a minha família tem uma antiga casa na área dos mercadores, poucas quadras do porto.
-- Melhor impossível. – o orgulho tomava os olhos de Saban. – Nos mostre onde fica.
O pequeno grupo ganhou as ruas da cidade, seguidos por algumas dezenas de servos e mais algumas dezenas de soldados, todos deveriam cuidar da Jóia de Kami. Ela possuía uma guarda magitoriamente feminina, todas belas moças que portavam espadas. Uma ou outra se vestia com quase tanto cuidado quanto a imperatriz.
-- Senhora, deixe-nos ir a frente!—Sakura estava tentando convencer a imperatriz o caminho inteiro, o que era o seu trabalho.
-- Sakura, deixe disso. Eu quero lutar! E vou lutar! — naquele momento a menina sorria tanto quanto seu mestre. A jovem, que não carregava aparentemente nenhuma espada, estava vestida como se fosse a uma festa ou evento importante. Seu kimono era de rosa claro, como as flores da árvore que seu nome representava, e como uma constelação as pétalas se espalhavam por todo tecido.Carregava na mão direita uma sombrinha, que cobria sua pele do forte sol, também decorada como mesmo tema.
-- Sim, senhora. – o desgosto era visível, se embrenhar no meio de um exército de zumbis só causaria problemas com o imperador e suas outras esposas, que viam Mizuki como infantil, quase um homem e completamente descartável. Como sua guarda e amiga, só se preocupava com os resultados de tais atitudes, que a muitos iriam afetar.
Após poucos minutos de caminhada, os prédios começaram a mudar. Da suntuosidade do bairro nobre que rodeava o palácio o grupo começou a entrar em uma área comercial, a limpeza deixava de ser indispensável, as ruas ficavam menores, e não se viam mais os belos jardins.
-- Saban. – o gigante rapidamente começou a correr, e em sincronia o grupo inteiro avançou pela rua. – POR KAMI!!!
O rugido de batalha urrou da boca dos homens do grupo, mas as mulheres ficaram em silencio. Sakura puxou o coro delas.
-- PELA FLOR DE KAMI! E PELO SEU SENHOR! – depois de uma breve pausa. – QUE MINHA BELEZA SEJA COMO A DELA! E MINHA FORÇA MAIOR! – O grito de guerra deixou Mizuki corada, ainda não estava acostumada, mas não diminuiu o ritmo do passo, sendo a primeira a entrar na parede de zumbis que avançava lentamente na direção do palácio. A cabeça do que um dia fora um humano voou deixando sair um sangue pútrido.
-- Eles cheiram muito mal. – Eijiro abatia os seus primeiros dez com um forte movimento de sua gigante arma, jogando os destroços dos corpos a uma distancia inacreditável. – Já tive lutas mais divertidas. – mais alguns perdiam o que lhe restara de sua humanidade, os rostos distorcidos e carcomidos somiam, junto com o formato de braços e pernas, que sobre Uaki eram meros pedaços de sujeira no caminho. – Mas não me canso de esmagar corpos com você, minha doce Uaki. – o gigante deu um leve beijo na arma. – AGORA VAMOS ABRIR O CAMINHO! – Uaki girou novamente, deixando mais destruição.
Sakura chegara logo após sua senhora à linha de inimigos, e rapidamente sua sombrinha cor de rosa com pétalas de sakura voou ao céu revelando sua espada, que nela estava embutida. Nos poucos segundos que a parte superior da sombrinha demorou para chegar novamente às mãos da samurai, oito cabeças rolaram, juntamente com alguns braços e pernas que se interpuseram no caminho.
-- Prefiro a hora do chá. – O kimono escapara intacto. Rapidamente empurrou com a parte de cima da sombrinha um zumbi que tentava se aproximar, abrindo a mesma. Uma bela dança começou. Sakura não apenas lutava, ela dançava. A beleza de seus movimentos era engrandecida pela feiúra de seus oponentes, que apenas eram cortados e caiam perante os paços leves e perfeitos da jovem que denunciavam os movimentos rápidos de espada.
Rapidamente o grupo liderado pelos mais fortes lutadores do reino se livraram dos zumbis, sem necessitar de ajuda de clérigos ou magos. O exército rápido e eficiente se tornava invencível quando comandado por Saban. Os outros líderes presentes simplesmente obedeceram ordens, como se fossem subordinados,de grande agrado, e a ferocidade do avanço pelas ruas do centro comercial era inimaginável, em poucas horas o grupo restabeleceu o controle de um terço da área dominada pelos zumbis.
Já dentro de seu quartel general improvisado Saban preparava uma grande mesa, com ajuda de alguns soldados e sua discípula.
-- Coloque o pedestal ali. – falava enquanto organizava uma parte de seus objetos. – Sakura, peça para os magos videntes entrarem.
-- Sim, general. – após um leve comprimento a dama saiu da sala.
-- Mizuki, me alcance aquele saco. – uma pequena sacola se encontrava na mesa. Era belamente decorada, feita de elos de metal, com linhas de ouro e prata que se misturavam em desenhos inusitados.
-- Aqui. – Ela se sentia mais nova, revigorada, as horas de luta compensaram pelas brigas e pelas constantes chateações de ser uma imperatriz, presa em seu palácio. – Sensei, o que é isso? – seu olhar mudou ao ver as pequenas pedras azuis saírem do saco, que Saban displicentemente virou sobre um mapa que a pouco tinha colocado sobre a mesa. Sua felicidade também era visível, o tempo todo que pensava e avaliava suas estratégias sorria docemente, como uma criança a brincar.
-- Espere os Magos e você entenderá. –o sorriso aumentou.