Saban poderia ter escolhido quem ele quisesse do exército para segui-lo, mas não era o que ele precisava. “Aventureiros”, a palavra revoava na sua cabeça quando saiu do salão real, pouca certeza tinha se estava certo em pesar dessa forma, mas apenas um grupo de aventureiros poderia ajudá-lo, era o que seu corpo o dizia.
-- Kossuegawa chame um escrivão.—rapidamente um homem saído das sobras surgiu, vestia preto, da cabeça aos pés, nenhuma parte de seu corpo era visível. Apenas as pupilas não eram pretas, mas, se pudesse, as tornaria da cor da noite.
-- Claro, senhor. – ele hesitou – É raro o senhor me chamar. Algo o perturba?
O samurai, velho por dentro, e jovem por fora, só conseguiu soltar uma leve risada.
-- Claro meu amigo, claro. Já faz alguns anos que não conversamos. – um sorriso tomou seu rosto – Devemos fazer mais vezes. – a expressão apreensiva voltou— mas agora temos outros problemas.
“Preciso achar uma forma de me livrar do minotauro. Uhmmm... talvez..... CLARO.”
Poucos sonharam em falar com as esposas do imperados, e menos ainda podiam ter esse sonho realizado. Mas Saban podia.
-- Kô.—dessa vez outro homem surgiu das sombras, menor, aparentemente deformado por anos de serviço ingrato e difícil. – Avise para os guardas imperiais que vou ver Hime Nana.
O ninja rapidamente se retirou, sem fazer um som e alguns instantes depois, do outro lado do castelo, um pequeno papel caiu sobre a mesa do chefe da guarda imperial. Todos sabiam o que fazer.
Hime Nana era uma bela donzela com seus 18 anos e muita juventude, a mais nova esposa do imperador, a terceira pra quem está contando. Filha de uma grande família nobre, quase quinze anos mais nova que o imperador, fora criada na casa de Saban. A esposa do velho samurai, agora morta, fora a mulher que preparara a menina para o futuro matrimônio, decidido no momento que o Kami a viu pela primeira vez.
Saban entrou na sala que a encontraria. A jovem imperatriz o via como seu pai e mestre, além de possuir grande admiração pelo velho guerreiro. Sua belo corpo era de se invejar, os olhos verdes, os belos e compridos cabelos negros, a pele perfeita. A roupa de imperatriz lhe caia muito bem, porém não usava as clássicas maquiagens. “Não tenho nada a esconder”, era o que afirmava para suas inúmeras damas de companhia, e não tinha mesmo, só a mostrar.
A bela menina estava de costas para a porta, e não hesitou em começar a falar.
-- Não vem mais me visitar? Não vem mais me ensinar? Agora só volta ... – Se virou no meio da frase e a língua travou, o rubor tomou seu rosto. – Quem é você?
-- Minha senhora. Não reconhece o seu mestre? – Ela desceu a mão a Katana que repousava em sua cintura, se recusava ficar sem a espada, mesmo sobre protestos do próprio imperador.
-- Não creio que tive um mestre tão jovem. Diga o seu nome! – O rubor ainda dominava o seu rosto, mas a voz saiu firme.
-- Saban Miazuki, protetor do império e da fronteira do norte. – O velho sorriu calmamente. – Não é por causa de um corpo mais jovem que deixei de ser quem sou, Mizuki. -- A imperatriz confusa, ficou calada, olhando para o homem a sua frente, jovem, forte, com cabelos negros, a roupa o caia bem, um kimono cerimonial para generais, um lado branco e o outro azul, como o céu que protege a nação.
-- Vamos, menina, reaja. Só foi me dada uma segunda chance de viver! Uma chance de proteger o país que tanto amo! E agradeço o deus que me concedeu tal chance.
Em resposta, Mizuki sacou sua katana, e depois de uma breve reverencia partiu em ataque para cima do homem a sua frente. Um forte barulho soou pelo salão, a espada se encontrara com a bainha de Saban, que nem a retirara da cintura.
-- Prefiro fazer isso com shinais. Não quero lhe machucar. – a menina ignorou os pedidos do mestre e em um rápido movimento deslizou sua espada pela bainha que a opunha, rapidamente mudando sua posição, mirava no rosto de Saban.
Em um movimento veloz, o mestre se curvou para traz desviando por poucos milímetros o fio da espada.
-- Vejo que não deixou de praticar. – um leve movimento de sua bainha e a espada foi jogada para a direita. Muzuki se aproveitou do movimento, girando o corpo enquanto se abaixava. O fim do movimento arrancaria a perna de um lutador menos preparado, mas novamente o barulho do encontro da bainha e da espada ecoou pelo salão.
Agora na porta do salão estavam os guardas reais, assim como os ninjas responsáveis pela proteção dos dois lutadores. Todos olhavam enquanto Saban mostrava por que a fronteira ficara sobre seu controle mesmo ele sendo o mais velho de todos os protetores.
Mais um leve movimento e a espada da menina saiu da posição que se encontrava, ao mesmo tempo em que Saban retirava todo o conjunto da fivela que o prendia ao kimono, a espada voou para longe, ficando apenas a bainha na mão do samurai.
-- Se você quer um treino, é o que vamos ter.—Os olhos cheios de vida brilhavam, a sensação da bainha entre os dedos o deixava excitado, não era uma luta de verdade, mas estava precisando de um adversário que não fosse só carne a ser cortada. Sem ser os orcs poucos o desafiavam para duelos, ele sempre adorou lutar.
Em um movimento inverso Mizuki se levantou e voltou a atacar com a espada, toda a sua força foi no golpe, aproveitando-se da inércia que o giro lhe concedia. Novamente o barulho ecoou pelo salão. Mas rapidamente foi seguido por mais uma série de baques idênticos, a imperatriz atacava ferozmente, enquanto Saban calmamente aparava cada golpe, como se ensinasse uma criança.
-- Vamos, você pode fazer melhor! – Uma risada acompanhou a provocação. – Mais rápido! Proteja sua perna enquanto ataca! – a bainha tocou o joelho da menina. – Vamos! VAMOS!
Nos próximos três ou quatro segundos a aprendiz atacou o mestre com todo o seu poder, gritando, rugindo, respirando forte, mas a cada dois movimentos dela ele tocava alguma parte de seu corpo com a bainha. Braço, Pescoço, Ombro, Barriga, Pernas, Joelhos, Pés e Cabeça. Tudo fora tocado, como um aviso que ela já estaria morta, se a luta fosse séria.
Em um movimento feroz, Saban avançou dois passos para cima de Muzuki. Um rápido movimento da bainha a desarmou e o peso do corpo do samurai associado a um bem dado Otigare derrubou-a.
-- Sempre acabamos desse jeito. Você no chão sem arma e eu parado ao seu lado! – Uma risada de prazer e felicidade saia pelos lábios do homem.
-- Ainda não acredito. – Uma expressão birrenta tomou a face da imperatriz. – Você sempre faz a mesma coisa.
-- Vamos, vamos. Levante-se. – a mão calejada pela espada ajudou a jovem se levantar. No final do movimento ela pulou e agarrou o pescoço do mestre.
-- Você ficou mais de dois anos sem me ver! Mentiroso maldito! – todos os servos presentes, que antes apreciavam a aula que Saban dera a Mizuki se retiraram da sala. Os pés da imperatriz ficaram soltos no ar. – Agora me conte como ficou tão bonito.
-- Senhora, cada coisa ao seu tempo. Primeiro solte o meu pescoço. – após um leve cafuné, Saban levemente soltou as mãos dela que se entrelaçavam atrás de seus ombros. – Agora, tenho algo a lhe pedir. Não como mestre, mas como soldado de seu reino!
A conversa mal teve tempo de começar, um enviado do imperador entrou correndo pela sala, juto a Kossuegawa.
-- Temos uma emergência senhor! – O ninja suava, parecia ter corrido muito, e muito rápido. – Eles tomaram os portos, senhor!
-- Eles?? Eles quem?
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