quarta-feira, 2 de maio de 2012

Do Outro Lado do Mapa

As múltiplas patinhas passeavam por entre a cavidade e, a cada choque entre elas e o osso, um som oco e arrepiante era produzido. O inseto, uma centopéia de uns vinte centímetros, espiou a baía pelo olho do crânio, enquanto mordiscava com as quelíceras alguns dos raros miolos que havia na cavidade. Avistou um banquete de carne fresca naquele ciclo da vida grotesco e bizarro. Vivos guerreavam contra os mortos que, a cada golpe, recrutavam mais soldados para o exército invasor. 

A centopéia rodopiou pelo pescoço, arqueando quando sentiu o ar quente expelido pela boca esquelética tocar seu corpo segmentado, até repousar no ombro da criatura que já vinha sendo usada como hospedeiro há algumas semanas. O esqueleto moveu o crânio sobre o pescoço em um movimento duro e cheio de falhas, ouvindo-se alguns estalos durante o processo, em direção a um morto-vivo que se aproximava. 

--- Senhor, parte da região portuária foi recuperada --- o morto disse roucamente para o general. 

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Longe dali... 

– Temos uma pedra diferente senhor. 

-- Onde? – Saban se reclina sobre a mesa. 

-- Ali – O dedo velho, enrugado e meio torto mostra o caminho para o olhar do general. 

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--- Chame... os... outros ! --- o general disse baixinho e, por um momento, o campo de batalha pareceu suspirar em expectativa e medo por um longo período, até que aquelas quatro figuras se juntassem a Strazio. 

--- Senhor ! --- as quatro criaturas disseram em unissono ante ao general. Poucos sabiam seus nomes, entretanto apenas a presença de um deles era o bastante para fazer hesitar o mais numeroso exército. 

 

Oriundo de Ignis, o plano dos zerükos, Vizzarus era um guerreiro conhecido por sua maldade e crueldade excessiva. Destronara três dos cinco Reis de Ignis, destruindo no processo milheres de zerükos, e após ser detido foi banido do plano, sendo condenado a usar a Máscara de Ferro, um instrumento de tortura terrível, até o fim de seus dias. 

 

Xennor fora outrora um feiticeiro renomado em Omnüs. Estudara na Universidade boa parte de sua vida até ser expulso por realizar um ritual necromântico, resultando na morte de diversos alunos. Junto com Bathis, fora o maior responsável pelo levante morto-vivo nos Reinos da Fronteira. 

 

Bathis era uma awiani que fugiu de Primus, seu reino natal e berço d’Aqueles-que-tem-asas, depois de tornar-se inimiga de alguns Soberanos, awianis que estão no patamar mais alto da hierarquia do plano. Viajou por Eä centenas de anos, estudando e adquirindo poder suficiente para retornar a Primus e enfrentar seus inimigos. 

 

Ghëukaraskas era o morto-vivo pessoal do próprio Sarnkol. Dotado de uma fração das capacidades arcanas de seu criador, o morto servia como receptáculo para o feiticeiro, de modo que ele pudesse não apenas saber o que acontecia no campo de batalha, como também agir sem a necessidade de estar presente. 

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– Mais quatro pedras surgiram junto com a primeira, senhor. 

Saban voltou suas atenções para as pedras, engolindo em seco e pensando. 

-- O que faremos, general ? --- um dos soldados perguntou. 

-- Convoquem os outros Protetores


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Encantamentos e Guerra


Uma estranha luz azulada havia tomado a sala, o pequeno grupo de magos estava sentado no chão, a poucos metro da mesa. Um pequeno zunido saia de seus lábios enquanto entoavam o encantamento, que logo se tornaria permanente. Mizuki olhava impressionada enquanto as pedras azuis, que Saban havia depositado na mesa poucos minutos antes, voavam por entre todos brilhando. 

 

Os homens que estavam acostumados com as artes de guerra de Kamigawa ficaram imóveis perante à beleza e ao mistério da magia, já haviam visto-na centenas de vezes. A imperatriz olhava enquanto a dança das pedras tomava velocidade, assim como o zunido do encantamento tomava-lhe os ouvidos, cada vez mais forte e mais rápido. Em algum momento, ela achou que havia ficado surda e ficaria cega com as linhas azuis que se desenhavam a sua frente, mal podia ver os outros presentes na sala. 

A velocidade dos objetos se tornou tal que, por um momento, Mizuki só viu azul e, no instante seguinte, o zunido e as pedras pararam. Seu corpo fraquejou, dando um desajeitado passo para frente como se quisesse parar a queda de sua cabeça, ou achar novamente o chão. Uma ânsia tomou o estômago que, embrulhado, começou a expelir o almoço; o gosto quente e ruim de vômito tomou-lhe a boca. Em reflexo ela levantou a cabeça rapidamente engolindo-o. 

-- A primeira vez é realmente desconcertante --- Saban segurou-lhe pelo braço. – Melhor sentar-se – o corpo fraquejou novamente e o sensei teve que segurar todo o seu peso para que a Imperatriz não encontrasse o chão. – Opa – um sorriso doce tomava-lhe os lábios. – Deixe-me ajudar-lhe. 
Os momentos seguintes foram estranhos para Mizuki, o seu corpo fraquejou ainda mais, ela suava e ofegava, seu coração bateu incontrolável. Ela sentiu uma forte agonia, medo, vergonha, todos os sentimentos em um só. Tudo isso nos meros milésimos de segundos que Saban a retirou do chão e a levou para o quarto ao lado, sendo carregada como um criança que brincara até tarde demais e perdera a consciência de tão cansada. 

O cheiro de suor tomou-lhe as narinas, junto com o cheiro característico de ervas que emanava de Saban. 

-- Não preci... – a tontura ficou ainda mais forte. Era realmente uma tontura? As palavras lhe fugiram e seu rosto queimou numa dor leve e agradável. Sua voz sumiu e não voltou até Sakura entrar e lhe colocar uma pano quente e úmido por sobre a boca e o nariz. 

-- Minha senhora, deveria tomar mais cuidado – um sorriso sereno também estava nos lábios de sua amiga. – Vai morrer desse jeito – uma leve gargalhada denunciou a provocação. Saban já havia deixado o cômodo e voltara para a reunião estratégica. 

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-- Senhores, agora que o encantamento está completo precisamos de voluntários para levar alguns dos magos para uma volta – parado atrás da mesa Saban voltou seu olhar para baixo observando o mapa, que estava pigmentado com miniaturas azuis que andavam. O pedestal que fora colocado pouco tempo antes estava brilhando, na mesma cor que os pequenos zumbis, girando, em torno de um eixo que mudava a cada poucos segundos, e levitando por sobre a mesa. 

-- Qual é a precisão disso? – Eijiro olhava abismado para as pedras. Tentando avaliar quantos inimigos estavam na área portuária. 

-- Depende – Saban estava pensando sobre as mesmas coisas. – Tem algo de errado, não sobrou nenhuma pedra. 

 

-- Como assim? – Sakura perguntou. 

-- Normalmente cada pedra representa um número fixo de inimigos – ele levemente coçou o inicio da barba que estava se formando. – Tinham mais de 500 pedras no saco, e eu pedi para os magos fazerem uma estimativa de 1 pedra para cada mil inimigos. 

A sala inteira ficou em silêncio. Todos entenderam naquele momento que estavam vendo um exército gigantesco de mortos-vivos, e uma coisa chamou-lhes a atenção, muitas pedras estavam na baía. 

-- Acho que zumbis não nadam – Eijiro comentou. 

-- Eu tenho certeza que não – um clérigo adentrou no recinto. – Boa noite senhores –uma grande mesura para Saban e Eijiro. – Mas eles podem afundar, e andar. Como não precisam de ar, podem sobreviver muito tempo em pântanos e dentro do mar. 

 

-- Uhmm... – Saban olhava para um grupo específico de pedras, que parecia estar se movimentando de forma estranha. Elas iam e voltavam no meio da água, fazendo um caminho que ia de um lado ao outro da baía. – O senhor já viu tamanho grupo de mortos-vivos? 

-- Não. Eles só se agrupam em torno de Clérigos e entidades malignas, nunca vi um número tão grande antes – Saban se limitara a coçar a rala barba e pensar. 

Ninguém jamais pensara na possibilidade da cidade imperial ser tomada, da “muralha do norte” cair, imagine algo como “destruição total do reino”. Os samurais que faziam a guarda da sala rapidamente relaram os dedos no símbolo em seu peito, pedindo a kami que os protegessem, Eijiro apertou firme o cabo de Uaki, Sakura verificou sua sombrinha e Saban coçou mais uma vez a barba. Estavam vendo algo que nunca havia sido visto, e ninguém sabia o que dizer. 

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Um grupo de samurais guiava um mago pelas ruas semi-desertas. O mago carregava um grande embrulho, que consistia em um grande objeto envolto por muitas peles. 

 

-- Me ajudem a subir naquele telhado – O senhor já de idade quase se dobrava no peso de seu transmissor mágico. – Mais rápido, temos que melhorar esse sinal logo. 

Após subir no telhado, o mago fez uma magia rápida que criou um pequeno pântano sobre as telhas da casa. Calmamente desembrulhando das peles, colocou a pilastra azul em seu lugar, levemente enterrada no lodaçal. Logo em seguida, sua mão brilhou vermelho junto com as palavras raivosas e fortes que saiam de seus lábios. 

-- Venha a mim, fogo que a tudo destrói. Eu o invoco, seja o meu servo e meu guia – terminadas as palavras encostou a mão no lodo, que imediatamente endureceu. 

-- Está feito? – o samurai que comandava o grupo estava nervoso. Um grupo de zumbis se aproximava, não ia ser fácil lutar com tantos sem ajuda, o seu pequeno grupo de reconhecimento não teria chance alguma. – Vamos Belsiah. 

-- Claro. Só mais uma coisa – encostou na pedra dizendo um encantamento. – Me mostre aquilo que esta longe, me proteja da escuridão e confunda os meus inimigos. 

A pedra começou a brilhar azul, alguns momentos mais fortes e outros mais fracos, num pulsar ritmado. 

-- Agora vamos – o velho pulou do telhado. – Espero que os outros não tenham problemas. O grupo correu de volta para as áreas seguras dos portos. 

A mesma cena e as mesmas palavras foram entoadas em muitos outros lugares da região portuária. 

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-- Está feito, Saban – Belsiah fazia o seu relatório ao general. – Poucos grupos tiveram dificuldades e não perdemos nenhum transmissor. 

-- Ótimo – o olhar sério não deixara os seu cenho. – Precisamos de mais pedras. 

-- Como? – o velho mago, responsável pela magia ficou espantado. – Desculpe-me, mais? Como assim? 

-- Olhe por você mesmo. Não temos identificadores o suficiente. 

-- Incrível – o velho foi tomado pelo espanto a ver as estranhas movimentações das miniaturas. – Realmente se movem no padrão que indica falta de identificadores – a curiosidade tomou o seu rosto. – Temos uma pedra diferente senhor. 

-- Aonde? – Saban se reclina sobre a mesa. 

-- Ali – O dedo velho, enrugado e meio torto mostra o caminho para o olhar do General. 


>>>>>> Wagner "Tolshimir" Surkamp

sábado, 15 de outubro de 2011

A Investida (Saban Parte 4)

Uma grande confusão havia tomado o palácio do imperador, todos corriam. Servos carregavam itens de valor, samurais e ninjas se preparavam para sair, o próprio imperador estava vestido para batalha.

-- Minha imperatriz. – O homem de armadura, segurando algo que poderia ser analisado como uma pilastra, estava na saída dos pátios internos da casa do imperador. O gigante se curvou quase ficando nos dois joelhos e logo depois se voltou para o jovem que estava ao seu lado. –Bom te ver Saban! Vejo que realmente voltou a ser uma criança!







-- Sim Eijiro. – o samurai faz uma breve mesura. – É verdade o que me contaram?

-- Você diz sobre os zumbis? – o grande homem franziu o cenho. – Infelizmente sim. Eles tomaram toda a região dos portos. – A expressão ficou ainda mais séria. – Perdi muitos homens. Bons homens.



-- Temos outro problema, senhor! – Kô surgiu do meio do bambuzal que margeava os portões. Aparentava estar extremante assustado. – Acabamos de receber uma andorinha da fronteira. Um exército gigantesco avançou sobre eles durante a noite. Perdemos todos os postos avançados. Poucos sobreviveram. 

-- Droga, não voltei a tempo. – Saban não perdera a calma ainda, não podia se dar o luxo. – Convoque os outros Protetores, estamos encrencados. – Kô rapidamente voltou para o meio do bambuzal. – Minha senhora, acho que deve se preparar.

-- Me preparar para o que? – a imperatriz fez uma cara de criança birrenta, obviamente queria ir para a batalha. – Brincar de bonecas? Enquanto meu povo morre?

-- Não é hora para isso. – Um olhar característico de Saban demonstrou que nesse instante eles eram mestre e discípula. – Preciso que você guie as pessoas que estão fugindo do porto e me ajude na retaguarda.

--Mas.... – um olhar perfurante calou Mizuki.

-- Ótimo. Eijiro, organize seus homens, vamos prendê-los em uma parte da cidade. Mas primeiro vamos reagrupar todos.

-- Onde, ...? – um “senhor” ficara preso na garganta do grande homem. Saban não era o líder do exercito, só estava a mais tempo nele do que a maioria poderia se lembrar, muitos aprenderam por sobre sua espada e sob seu olhar cuidadoso. O protetor do norte franziu o cenho, coçando os olhos pensou e respondeu.

-- Vai ser difícil, mas devemos segurar os zumbis nas saídas da área portuária. – Pensou mais um pouco, e se virou para a sua esquerda. Deu um alto assovio. – Kossuegawa!

Rapidamente o outro ninja apareceu.

--Senhor.

-- Precisamos de um mapa da área portuária. – uma pausa denunciou a hesitação.   – Talvez possamos contê-los. -- O ninja sumiu da vista de todos. – Eijiro, vamos definir um lugar como base de operações. Vai ser impossível vencer se não nos organizamos.

-- Eu sei o lugar perfeito! – A imperatriz interrompeu, com um sorriso maroto nos lábios. – Sensei, a minha família tem uma antiga casa na área dos mercadores, poucas quadras do porto.

-- Melhor impossível. – o orgulho tomava os olhos de Saban. – Nos mostre onde fica.

O pequeno grupo ganhou as ruas da cidade, seguidos por algumas dezenas de servos e mais algumas dezenas de soldados, todos deveriam cuidar da Jóia de Kami. Ela possuía uma guarda magitoriamente feminina, todas belas moças que portavam espadas. Uma ou outra se vestia com quase tanto cuidado quanto a imperatriz.

-- Senhora, deixe-nos ir a frente!—Sakura estava tentando convencer a imperatriz o caminho inteiro, o que era o seu trabalho.



-- Sakura, deixe disso. Eu quero lutar! E vou lutar! — naquele momento a menina sorria tanto quanto seu mestre. A jovem, que não carregava aparentemente nenhuma espada, estava vestida como se fosse a uma festa ou evento importante. Seu kimono era de rosa claro, como as flores da árvore que seu nome representava, e como uma constelação as pétalas se espalhavam por todo tecido.Carregava na mão direita uma sombrinha, que cobria sua pele do forte sol, também decorada como mesmo tema.

-- Sim, senhora. – o desgosto era visível, se embrenhar no meio de um exército de zumbis só causaria problemas com o imperador e suas outras esposas, que viam Mizuki como infantil, quase um homem e completamente descartável. Como sua guarda e amiga, só se preocupava com os resultados de tais atitudes, que a muitos iriam afetar.

Após poucos minutos de caminhada, os prédios começaram a mudar. Da suntuosidade do bairro nobre que rodeava o palácio o grupo começou a entrar em uma área comercial, a limpeza deixava de ser indispensável, as ruas ficavam menores, e não se viam mais os belos jardins.

-- Saban. – o gigante rapidamente começou a correr, e em sincronia o grupo inteiro avançou pela rua. – POR KAMI!!!

O rugido de batalha urrou da boca dos homens do grupo, mas as mulheres ficaram em silencio. Sakura puxou o coro delas.

-- PELA FLOR DE KAMI! E PELO SEU SENHOR! – depois de uma breve pausa. – QUE MINHA BELEZA SEJA COMO A DELA! E MINHA FORÇA MAIOR! – O grito de guerra deixou Mizuki corada, ainda não estava acostumada, mas não diminuiu o ritmo do passo, sendo a primeira a entrar na parede de zumbis que avançava lentamente na direção do palácio. A cabeça do que um dia fora um humano voou deixando sair um sangue pútrido.

-- Eles cheiram muito mal. – Eijiro abatia os seus primeiros dez com um forte movimento de sua gigante arma, jogando os destroços dos corpos a uma distancia inacreditável.   – Já tive lutas mais divertidas. – mais alguns perdiam o que lhe restara de sua humanidade, os rostos distorcidos e carcomidos somiam, junto com o formato de braços e pernas, que sobre Uaki eram meros pedaços de sujeira no caminho. – Mas não me canso de esmagar corpos com você, minha doce Uaki. – o gigante deu um leve beijo na arma. – AGORA VAMOS ABRIR O CAMINHO! – Uaki girou novamente, deixando mais destruição.

Sakura chegara logo após sua senhora à linha de inimigos, e rapidamente sua sombrinha cor de rosa com pétalas de sakura voou ao céu revelando sua espada, que nela estava embutida. Nos poucos segundos que a parte superior da sombrinha demorou para chegar novamente às mãos da samurai, oito cabeças rolaram, juntamente com alguns braços e pernas que se interpuseram no caminho.

-- Prefiro a hora do chá. – O kimono escapara intacto. Rapidamente empurrou com a parte de cima da sombrinha um zumbi que tentava se aproximar, abrindo a mesma. Uma bela dança começou. Sakura não apenas lutava, ela dançava. A beleza de seus movimentos era engrandecida pela feiúra de seus oponentes, que apenas eram cortados e caiam perante os paços leves e perfeitos da jovem que denunciavam os movimentos rápidos de espada.

Rapidamente o grupo liderado pelos mais fortes lutadores do reino se livraram dos zumbis, sem necessitar de ajuda de clérigos ou magos. O exército rápido e eficiente se tornava invencível quando comandado por Saban. Os outros líderes presentes simplesmente obedeceram ordens, como se fossem subordinados,de grande agrado, e a ferocidade do avanço pelas ruas do centro comercial era inimaginável, em poucas horas o grupo restabeleceu o controle de um terço da área dominada pelos zumbis.

Já dentro de seu quartel general improvisado Saban preparava uma grande mesa, com ajuda de alguns soldados e sua discípula.

-- Coloque o pedestal ali. – falava enquanto organizava uma parte de seus objetos. – Sakura, peça para os magos videntes entrarem.

-- Sim, general. – após um leve comprimento a dama saiu da sala.

-- Mizuki, me alcance aquele saco. – uma pequena sacola se encontrava na mesa. Era belamente decorada, feita de elos de metal, com linhas de ouro e prata que se misturavam em desenhos inusitados.

-- Aqui. – Ela se sentia mais nova, revigorada, as horas de luta compensaram pelas brigas e pelas constantes chateações de ser uma imperatriz, presa em seu palácio. – Sensei, o que é isso? – seu olhar mudou ao ver as pequenas pedras azuis saírem do saco, que Saban displicentemente virou sobre um mapa que a pouco tinha colocado sobre a mesa. Sua felicidade também era visível, o tempo todo que pensava e avaliava suas estratégias sorria docemente, como uma criança a brincar.

-- Espere os Magos e você entenderá. –o sorriso aumentou.

A Imperatriz (Saban Parte 3)

Saban poderia ter escolhido quem ele quisesse do exército para segui-lo, mas não era o que ele precisava. “Aventureiros”, a palavra revoava na sua cabeça quando saiu do salão real, pouca certeza tinha se estava certo em pesar dessa forma, mas apenas um grupo de aventureiros poderia ajudá-lo, era o que seu corpo o dizia.

-- Kossuegawa chame um escrivão.—rapidamente um homem saído das sobras surgiu, vestia preto, da cabeça aos pés, nenhuma parte de seu corpo  era visível. Apenas as pupilas não eram pretas, mas, se pudesse, as tornaria da cor da noite.

 

-- Claro, senhor. – ele hesitou – É raro o senhor me chamar. Algo o perturba?

O samurai, velho por dentro, e jovem por fora, só conseguiu soltar uma leve risada.

-- Claro meu amigo, claro. Já faz alguns anos que não conversamos. – um sorriso tomou seu rosto – Devemos fazer mais vezes. – a expressão apreensiva voltou— mas agora temos outros problemas.

“Preciso achar uma forma de me livrar do minotauro. Uhmmm... talvez..... CLARO.”

Poucos sonharam em falar com as esposas do imperados, e menos ainda podiam ter esse sonho realizado. Mas Saban podia.

-- Kô.—dessa vez outro homem surgiu das sombras, menor, aparentemente deformado por anos de serviço ingrato e difícil. – Avise para os guardas imperiais que vou ver Hime Nana.


O ninja rapidamente se retirou, sem fazer um som e alguns instantes depois, do outro lado do castelo, um pequeno papel caiu sobre a mesa do chefe da guarda imperial. Todos sabiam o que fazer.

Hime Nana era uma bela donzela com seus 18 anos e muita juventude, a mais nova esposa do imperador, a terceira pra quem está contando. Filha de uma grande família nobre, quase quinze anos mais nova que o imperador, fora criada na casa de Saban. A esposa do velho samurai, agora morta, fora a mulher que preparara a menina para o futuro matrimônio, decidido no momento que o Kami a viu pela primeira vez.

Saban entrou na sala que a encontraria. A jovem imperatriz o via como seu pai e mestre, além de possuir grande admiração pelo velho guerreiro.  Sua belo corpo era de se invejar, os olhos verdes, os belos e compridos cabelos negros, a pele perfeita. A roupa de imperatriz lhe caia muito bem, porém não usava as clássicas maquiagens. “Não tenho nada a esconder”, era o que afirmava para suas inúmeras damas de companhia, e não tinha mesmo, só a mostrar.

A bela menina estava de costas para a porta, e não hesitou em começar a falar.



-- Não vem mais me visitar? Não vem mais me ensinar? Agora só volta ... – Se virou no meio da frase e a língua travou, o rubor tomou seu rosto. – Quem é você?

-- Minha senhora. Não reconhece o seu mestre? – Ela desceu a mão a Katana que repousava em sua cintura, se recusava ficar sem a espada, mesmo sobre protestos do próprio imperador.

-- Não creio que tive um mestre tão jovem. Diga o seu nome! – O rubor ainda dominava o seu rosto, mas a voz saiu firme.

-- Saban Miazuki, protetor do império e da fronteira do norte. – O velho sorriu calmamente. – Não é por causa de um corpo mais jovem que deixei de ser quem sou, Mizuki. -- A imperatriz confusa, ficou calada, olhando para o homem a sua frente, jovem, forte, com cabelos negros, a roupa o caia bem, um kimono cerimonial para generais, um lado branco e o outro azul, como o céu que protege a nação.

-- Vamos, menina, reaja. Só foi me dada uma segunda chance de viver! Uma chance de proteger o país que tanto amo! E agradeço o deus que me concedeu tal chance.

Em resposta, Mizuki sacou sua katana, e depois de uma breve reverencia partiu em ataque para cima do homem a sua frente. Um forte barulho soou pelo salão, a espada se encontrara com a bainha de Saban, que nem a retirara da cintura.

-- Prefiro fazer isso com shinais. Não quero lhe machucar. – a menina ignorou os pedidos do mestre e em um rápido movimento deslizou sua espada pela bainha que a opunha, rapidamente mudando sua posição, mirava no rosto de Saban.

Em um movimento veloz, o mestre se curvou para traz desviando por poucos milímetros o fio da espada.

-- Vejo que não deixou de praticar. – um leve movimento de sua bainha e a espada foi jogada para a direita. Muzuki se aproveitou do movimento, girando o corpo enquanto se abaixava. O fim do movimento arrancaria a perna de um lutador menos preparado, mas novamente o barulho do encontro da bainha e da espada ecoou pelo salão.

Agora na porta do salão estavam os guardas reais, assim como os ninjas responsáveis pela proteção dos dois lutadores. Todos olhavam enquanto Saban mostrava por que a fronteira ficara sobre seu controle mesmo ele sendo o mais velho de todos os protetores.

Mais um leve movimento e a espada da menina saiu da posição que se encontrava, ao mesmo tempo em que Saban retirava todo o conjunto da fivela que o prendia ao kimono, a espada voou para longe, ficando apenas a bainha na mão do samurai.

-- Se você quer um treino, é o que vamos ter.—Os olhos cheios de vida brilhavam, a sensação da bainha entre os dedos o deixava excitado, não era uma luta de verdade, mas estava precisando de um adversário que não fosse só carne a ser cortada. Sem ser os orcs poucos o desafiavam para duelos, ele sempre adorou lutar.

Em um movimento inverso Mizuki se levantou e voltou a atacar com a espada, toda a sua força foi no golpe, aproveitando-se da inércia que o giro lhe concedia. Novamente o barulho ecoou pelo salão. Mas rapidamente foi seguido por mais uma série de baques idênticos, a imperatriz atacava ferozmente, enquanto Saban calmamente aparava cada golpe, como se ensinasse uma criança.

-- Vamos, você pode fazer melhor! – Uma risada acompanhou a provocação. – Mais rápido! Proteja sua perna enquanto ataca! – a bainha tocou o joelho da menina. – Vamos! VAMOS!

Nos próximos três ou quatro segundos a aprendiz atacou o mestre com todo o seu poder, gritando, rugindo, respirando forte, mas a cada dois movimentos dela ele tocava alguma parte de seu corpo com a bainha. Braço, Pescoço, Ombro, Barriga, Pernas, Joelhos, Pés e Cabeça. Tudo fora tocado, como um aviso que ela já estaria morta, se a luta fosse séria.

Em um movimento feroz, Saban avançou dois passos para cima de Muzuki. Um rápido movimento da bainha a desarmou e o peso do corpo do samurai associado a um bem dado Otigare derrubou-a.

-- Sempre acabamos desse jeito. Você no chão sem arma e eu parado ao seu lado! – Uma risada de prazer e felicidade saia pelos lábios do homem.

-- Ainda não acredito. – Uma expressão birrenta tomou a face da imperatriz. – Você sempre faz a mesma coisa.

-- Vamos, vamos. Levante-se. – a mão calejada pela espada ajudou a jovem se levantar. No final do movimento ela pulou e agarrou o pescoço do mestre.

-- Você ficou mais de dois anos sem me ver! Mentiroso maldito! – todos os servos presentes, que antes apreciavam a aula que Saban dera a Mizuki se retiraram da sala. Os pés da imperatriz ficaram soltos no ar. – Agora me conte como ficou tão bonito.

-- Senhora, cada coisa ao seu tempo. Primeiro solte o meu pescoço. – após um leve cafuné, Saban levemente soltou as mãos dela que se entrelaçavam atrás de seus ombros. – Agora, tenho algo a lhe pedir. Não como mestre, mas como soldado de seu reino!

A conversa mal teve tempo de começar, um enviado do imperador entrou correndo pela sala, juto a Kossuegawa.

-- Temos uma emergência senhor! – O ninja suava, parecia ter corrido muito, e muito rápido. – Eles tomaram os portos, senhor!

-- Eles?? Eles quem?

Kami (Saban Parte 2)



Era um bela manhã de sábado, poucos estavam acordados as 5 horas, quando o sol raiava todos os dias naquela parte de Eä, mas um grupo do reino de Kamigawa estava sempre acordado.



-- Senhor, o dia já começou. – um baixo homem com um monóculo estava parado ao lado de uma suntuosa cama. Os rituais do dia começaram.

-- Claro Mizou, já estou acordado faz um tempo. – A voz calma emana pelo quarto, todos sentem arrepios quando ela chega aos ouvidos.

-- Senhor, as suas vestes o esperam. – o Mordomo estica a mão que ajuda o homem a se levantar. O corpo esbelto se sobressai ao sol recém chegado. Era imaculado, sem cicatrizes, com músculos perfeitos, do tipo que só estatuas possuíam, os dentes brancos como leite, e a pele cor de pêssego. O Deus levantara. E todos sentiam a força e a inspiração que ele fornecia.

Enquanto os serviçais trocam o kimono que servia apenas para dormir, por uma verdadeira obra de arte, feito pelo melhor alfaiate do reino, o mordomo começa a dizer as tarefas do dia.

-- O senhor tem uma conversa matinal com um enviado de Überfall e um jantar com o emissário de Azenford. Durante a manha, uma reunião com os conselheiros do reino e a tarde um encontro com o general Saban, que volta a capital para um anuncio importante, de acordo com o mesmo.

-- Ele não disse sobre o que se tratava?

-- Desculpe-me senhor, mas ele não quis informar pela carta.

-- Ummm ... – uma leve sombra cobre os olhos do Shogun e Deus. Ele sentia que algo estava errado, mas não sabia o que era, o assunto lhe tirara parte do sono da noite.

Uma bela espada é colocada em sua cintura e ao tocá-la a aura que emanava do Shogun triplica e todos os presentes no castelo sabem. Ele está saindo do quarto. O café da manhã está pronto, posto sobre uma grande mesa baixa, que está rodeada por almofadas. Um grupo de estrangeiros está no canto da sala.

Ao entrar na sala o grupo, irrequieto pelo poder do Shogun se curva em respeito.

-- Bom dia Majestade, viemos a pedido de nosso Rei para falar com vossa excelência.

-- Claro, enquanto eu como vocês podem falar sobre o que quiserem, só peço que se retenham a esse período.

A conversa foi a de sempre, relações comerciais, alianças permanentes, nada de muito estranho a ser relatado pelo emissário. Com uma exceção.

-- Senhor recebemos estranhos relatos de um pequeno país da fronteira, na região perto Omnüs e de nossas fronteiras. Os nossos cavaleiros não acharam nada mais que cidades vazias e reinos abandonados.

Com grande surpresa o senhor de Kamigawa levanta uma de suas sobrancelhas, e indaga.

-- Não tem mais nenhuma informação sobre o assunto?

--Temo que não excelência, por esse motivo que muitos emissários foram enviados a nações amigas, mas até agora nenhuma conseguiu nos fornecer mais do que boatos.

-- Vejo que as coisas estão a mudar. Avise seu senhor que a fronteira do norte está em grandes dificuldades, e que não poderemos ajudar de imediato contra tão estranha ameaça.

-- Como vossa excelência quiser.

O pequeno grupo se retira, deixando o Shogun a pensar sobre os assuntos que atormentavam sua mente.

-- Mizou, preciso que chame os meus conselheiros, de preferência de imediato.

-- Senhor, creio que eles já estejam lhe esperando na sala de reuniões.—O mordomo e secretario do Shogun demonstra certo embaraço pelo fato do monarca ter esquecido de seus afazeres. – Como havia lhe dito hoje ao seu acordar senhor.

-- AH! Claro, claro. Esses problemas estão me deixando preocupado demais.—As rugas brotam por toda a testa enquanto ele começa a pensar sobre o que os deuses queriam com tais loucuras.

A reunião foi pautada pelos problemas financeiros que o país sofria devido os grandes gastos  de se manter a fronteira norte sem recuar um metro a mais de mil anos. Os últimos trinta haviam sido graças a certo general que mantivera os homens lutando bravamente. Aparentemente não agüentariam até a próxima geração, estavam fadados ao fracasso.

-- Senhores isso pode continuar depois, agora não me sinto a vontade para tais assuntos, ainda tenho que pensar sobre outras coisas. – fala ao se levantar o Shogun, que estivera avoado durante a discussão inteira.



O dia passa e por fim um jovem se prosta a frente do Shogun, seus cabelos longos e negros, junto com seu rosto serio e cansado, lhe dão um ar de um velho em corpo de jovem, e essa avaliação não poderia estar mais certa.

-- Meu senhor, venho com noticias da fronteira norte.—a voz límpida e carregada de conhecimento assusta o Deus sentado em seu trono, era uma voz de sua infância, a voz que lhe guiara pelos caminhos da espada.

-- Saban? – As rugas tomaram-lhe a fronte.—Saban? É você?

-- Sim senhor, só alguns anos mais jovem como o senhor pode ver. – Ao levantar o olhar mostra os seus olhos verdes fumegantes de uma nova paixão. – e com péssimas noticias.

-- Mais noticias ruins? Até você! – O imperador cansado esconde seu rosto atrás das mãos cruzadas. – Diga de uma vez.

-- Os orcs senhor, eles estão sendo controlados, e possuem um general.

-- General? – a face do Shogun embranquece.

-- Sim meu senhor, um minotauro, chamado Jax.

-- Então o que você está fazendo aqui? Perdeu o juízo? – a humanidade brotava por todos os poros do Shogun que meros instantes atrás era onipotente.—por mais que seja o nosso melhor soldado, general  e comandante não poderia se dar ao luxo de sair da fronteira num momento tão crucial!

Um estranho silencio toma o salão, o então jovem Saban se resumi a abaixar a cabeça enquanto termina o seu relato.

-- Perdemos algumas de nossas fortalezas avançadas, senhor, estão sendo organizados demais, se não entrarmos em guerra contra eles perderemos todas. E talvez até mesmo as principais, senhor.

Cada palavra é como uma navalha, e o Shogun, já emocionalmente desequilibrado, perde o controle de seus poderes divinos, por todo o palácio objetos voam, se chocando contra paredes, nos campos de treinamento da guarda imperial um grande numero de recrutas perde a consciência, assim como muitos despreparados dentro do palácio. As coisas estavam mudando e o Deus não sabia lidar com elas. 

Na sala do trono todos estão estáticos, ninguém se intrepoem ao poder do imperador.

-- Saban, você tem a autorização de levar quem e o que achar necessário. Só resolva isso. Mizou vou para o meu quarto, cancele os outros compromissos.

-- Claro senhor.—ambos respondem.

O dia do imperador termina mais cedo, enquanto clérigos correm pelo palácio ajudando os inusitados pacientes. Um mais entre outros dias que serão difíceis para todos.

O Defensor da Fronteira (Saban Parte 1)

“Droga” Tudo começara de novo, a espiral de morte nunca acabaria. Saban, já um velho samurai, capitão daquele pequeno posto de comando já estava cansado.


-- AOS PORTÕES!!! PROTEJAM O CAMINHO!! PELO IMPERADOR!! – até o grito de guerra parecia usado, gasto, sem sentido.

O Grande Norte já fora mais calmo, talvez a uma centena de anos, ou mais, Saban só sabe que aos 45, e defendendo o mesmo lugar desde os 20 a coisa toda parecia ser estranha demais.

-- ORGHH!!! PEGUEM ELES!! – Não que algum samurai realmente entendesse o grito de guerra do orc que avançava sobre eles, mas souberam extrair a idéia.  Melhor se prepararem.

-- NÃO SE DEIXEM LONGE DEMAIS DO SEU PARCEIRO!!—o sistema de parcerismo realmente salvara muitas vidas, um atacava e o outro defendia, num sincronismo quase perfeito. Esse era o jeito da luta, da confusão diária. Muitos lutavam com cortes ainda abertos de outros dias. Até os clérigos contratados não davam conta de curar todos. E os pergaminhos pararam de chegar fazia alguns anos. O Reino estava pobre, mas ninguém queria admitir.

Velho demais para o trabalho, mas jovem demais para morrer, era o jeito que Saban se enxergava no meio do sangue e das lutas diárias. Os Orcs nunca deixaram de vir, assim como ele nunca perdera uma luta.





As Katanas quase sem fio já cortaram algumas dezenas de pescoços e braços. O dia chegava ao fim, mas não a luta.

É difícil dizer a última vez que tinha visto uma mulher, que não estivesse de armadura, ou da última vez que descansara. Mas o próprio imperador o pedira para ele ficar no cargo. E este era um pedido que não podia negar.

Algumas cenas de sua vida sempre passavam em sua cabeça enquanto lutava. A primeira cabeça de orc arrancada, o primeiro amigo morto, o último amor perdido para o trabalho, tudo lhe passava pela cabeça enquanto lutava. Mas aquele dia algo estava estranho.

Os orcs não recuaram com o fim do sol, a luta se prolongava, os homens cansados procuraram se manter próximos, e juntos gritavam ao atacar e ao se defender, uma inspiração à guerra.

-- VAMOS MATAR TODOS!! VAMOS HOMENS!!—o já velho samurai não tinha nenhum parceiro, ele não precisava, não mais, apesar de todas as mortes e de todo o sangue a sua roupa branca continuava intacta, ele realmente não era qualquer um.

Por fim Saban descobre o que está acontecendo. Não são os orcs que comandam a carga contra a pequena fortificação. Um minotauro de quase dois metros de altura se coloca ao lado do exército inimigo. Entendam que um minotauro nunca andaria com um exercito, nunca comandaria outros, ou estaria vestido de forma tão humana.

-- VENHA A MIM VELHO!! – O monstro grita com sua voz profunda, poucos sobreviviam depois de ouvir a voz de um minotauro e muitos tremem de medo perante a ela,  o campo de batalha se silencia, todos os orcs pararam de atacar e ficaram postos atrás do minotauro. – EU, JAX, O FORTE, VOU LHE MOSTRAR O QUE É UMA LUTA DE VERDADE!!





Alguns samurais quase voaram para cima do monstro petulante, todos tinham orgulho de seu líder, o mais forte general do exercito, que vivia na fronteira só para proteger o país, muitos estavam ali por pura admiração.

-- Parem! Mantenham a posição!—Imediatamente todos voltam para posições defensivas se acalmando, ali uma palavra era lei. – Meu caro minotauro, em todos os anos que estive nesse campo de batalha nunca vi algo como um general entre monstros, mas você me parece como um. Mas, infelizmente, acho que sou eu que devo lhe ensinar algo sobre lutas.

O homem se coloca um pouco a frente de seus subordinados. E levanta o braço, logo em seguida o abaixando na direção dos adversários. A chuva de flechas veio imediatamente da fortificação, muitos orcs caíram.

-- Aqui não existe algo como lutas pessoais MONSTRO! EU DEFENDO O MEU REINO E O MEU POVO! VOCÊ É SÓ MAIS UM A SER MORTO E JOGADO FORA!! – Aparentemente Saban perdera a compostura e sai correndo pelo campo enquanto uma segunda chuva de flechas chega aos inimigos que caem ao serem varados por elas.

Jax se defende do ataque, preciso e experiente, que lhe mirava o pescoço. Girando seu machado tenta usar o peso de seu tamanho em vantagem, mas rapidamente o samurai se desloca para a sua lateral aplicando um golpe para derrubá-lo. 

Por pouco o minotauro não desmorona sobre o chão, se desvencilhando do golpe e parando de costas para o exercito inimigo.

-- Vejo que não é tão ruim para um animal.—O sorriso sarcástico brilha nos lábios e olhos do velho.

Jax se sentia incomodado, mas ignorava a sensação de ser observado pelas costas e continua a lutar. Ambos trocam golpes e esquivam de vários movimentos, mas com o tempo a força do minotauro sobrepujou o homem, a cada golpe ele dobrava, se encurvava e se retorcia sem querer ir na direção que o adversário o guiava, o chão. Mas no fim das contas um joelho foi usado para ajudar a aparar um golpe e depois não saiu mais do chão, logo depois o orgulhoso General estava indefeso perante ao monstro.


--É o seu fim humano fraco e velho! MORRA PELO MEU MACHADO! – o machado baixa sobre Saban que mal tem forças para levantar sua espada.

“Tsc tsc, não tão cedo. Ainda temos que brincar.”

Saban nota que todos a sua volta estão parados, ninguém se move, só um estranho homem que sai do meio dos samurais.

“Crianças. Vamos com mais calma. A diversão está apenas começando. Os atores principais deveriam ficar por ultimo.”

O homem alto, esguio pára na frente do samurai caído.

“Saban, por favor, se levante. Temos que conversar.”

-- Conversar? Sobre o que? – a sua voz sai meio engasgada.

Um grande sorriso abre no rosto do alto e esbelto homem.

“Claro. “O que?” sempre é a pergunta.” – Ele próprio se interrompe com uma grande gargalhada--  “Eu só vim lhe oferecer uma chance de vitória. Algo que parecia estar perdido.”—apesar do auto controle um leve sorriso sai pelos lábios.

-- Vitória?—as mãos de Saban tremiam, as suas pernas mal o deixaram levantar, todo o seu corpo tremia. Ele só não sabia se era de medo ou excitação.—Claro! Aceito qualquer coisa para ganhar!

“Ótimas palavras. Está feita a troca, agora continuem.”

O mundo descongelou, o primeiro som foi o do machado do minotauro atingindo o chão, a força era tamanha que até perdera o fio e lascara em alguns lugares. O samurai estava de pé, de frente para o monstro. Em milésimos de segundo, o atacante se toca a ausência de seu adversário que deveria estar agonizante sobre seu machado e olha para cima.

Jax agora adquire uma expressão inesperada para um minotauro. Atônito, olhava para o samurai. Os cabelos a pouco branco mudavam de cor, as pontas ficaram pretas e a cor subia pelo comprido rabo de cavalo que o prendia. Ao mesmo tempo as rugas e as sobres de peles encolhiam, a cor da pele ficava mais vivida. A juventude voltava para o corpo de Saban.





Até mesmo as roupas, já gastas, a espada já sem fio ou o brilho de uma lamina recém feita, mudam voltando aos seus tempos áureos. Porem, apenas isso não importaria muito, se o samurai não estivesse agora, novamente, com seus 20 anos, na flor da juventude, com toda a força que um dia perdera.

O grande minotauro se vê na frente do inimigo, assustado pela mudança. Acaba bufando entre os dentes.

-- O que você fez? Deve ser uma magia. – Jax se sente encurralado, não sabia as extensões dos poderes do samurai, antes fraco agora era forte e a dúvida rondava seu coração.

-- NADA! – Um sorriso cobre a expressão de Saban.—Você está a delirar! Agora LUTE!

A espada do samurai agora é quase invisível, seu movimento matador, sem piedade e sem medo. Se chocando contra o machado, que só por acaso se encontrava no lugar certo, resulta na destruição do mesmo, fora cortado ao meio, e a espada ainda fizera um profundo corte no peitoral de Jax. Agora sem duvidas o minotauro toma uma difícil decisão.

--RECUAR!! – A voz forte ressoa no meio da batalha e logo todos os orcs estão correndo de volta pela floresta que saíram. Jax trava os dentes enquanto amaldiçoa o samurai e seus estranhos poderes.

Saban não notara ainda a sua própria transformação, porem o seu “amigo” já havia se retirado. O samurai não compreendera. Mas, para o estranho homem da troca, "o jogo não era ganhar, mas sim fazer alguém perder. E nunca antes alguém havia perdido tanto!". Quem saiba um dia ele se toque.