quarta-feira, 2 de maio de 2012

Do Outro Lado do Mapa

As múltiplas patinhas passeavam por entre a cavidade e, a cada choque entre elas e o osso, um som oco e arrepiante era produzido. O inseto, uma centopéia de uns vinte centímetros, espiou a baía pelo olho do crânio, enquanto mordiscava com as quelíceras alguns dos raros miolos que havia na cavidade. Avistou um banquete de carne fresca naquele ciclo da vida grotesco e bizarro. Vivos guerreavam contra os mortos que, a cada golpe, recrutavam mais soldados para o exército invasor. 

A centopéia rodopiou pelo pescoço, arqueando quando sentiu o ar quente expelido pela boca esquelética tocar seu corpo segmentado, até repousar no ombro da criatura que já vinha sendo usada como hospedeiro há algumas semanas. O esqueleto moveu o crânio sobre o pescoço em um movimento duro e cheio de falhas, ouvindo-se alguns estalos durante o processo, em direção a um morto-vivo que se aproximava. 

--- Senhor, parte da região portuária foi recuperada --- o morto disse roucamente para o general. 

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Longe dali... 

– Temos uma pedra diferente senhor. 

-- Onde? – Saban se reclina sobre a mesa. 

-- Ali – O dedo velho, enrugado e meio torto mostra o caminho para o olhar do general. 

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--- Chame... os... outros ! --- o general disse baixinho e, por um momento, o campo de batalha pareceu suspirar em expectativa e medo por um longo período, até que aquelas quatro figuras se juntassem a Strazio. 

--- Senhor ! --- as quatro criaturas disseram em unissono ante ao general. Poucos sabiam seus nomes, entretanto apenas a presença de um deles era o bastante para fazer hesitar o mais numeroso exército. 

 

Oriundo de Ignis, o plano dos zerükos, Vizzarus era um guerreiro conhecido por sua maldade e crueldade excessiva. Destronara três dos cinco Reis de Ignis, destruindo no processo milheres de zerükos, e após ser detido foi banido do plano, sendo condenado a usar a Máscara de Ferro, um instrumento de tortura terrível, até o fim de seus dias. 

 

Xennor fora outrora um feiticeiro renomado em Omnüs. Estudara na Universidade boa parte de sua vida até ser expulso por realizar um ritual necromântico, resultando na morte de diversos alunos. Junto com Bathis, fora o maior responsável pelo levante morto-vivo nos Reinos da Fronteira. 

 

Bathis era uma awiani que fugiu de Primus, seu reino natal e berço d’Aqueles-que-tem-asas, depois de tornar-se inimiga de alguns Soberanos, awianis que estão no patamar mais alto da hierarquia do plano. Viajou por Eä centenas de anos, estudando e adquirindo poder suficiente para retornar a Primus e enfrentar seus inimigos. 

 

Ghëukaraskas era o morto-vivo pessoal do próprio Sarnkol. Dotado de uma fração das capacidades arcanas de seu criador, o morto servia como receptáculo para o feiticeiro, de modo que ele pudesse não apenas saber o que acontecia no campo de batalha, como também agir sem a necessidade de estar presente. 

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– Mais quatro pedras surgiram junto com a primeira, senhor. 

Saban voltou suas atenções para as pedras, engolindo em seco e pensando. 

-- O que faremos, general ? --- um dos soldados perguntou. 

-- Convoquem os outros Protetores


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